sábado, outubro 07, 2006

Reflexão 3 - A surdez de Beethoven e os seus sonhos

Nada é mais grave para um músico do que perder a audição. Beethoven, um dos génios da música, perdeu-a depois de ter criado belas composições.
A ineficácia dos recursos médicos conduziu-o a uma profunda crise psíquica. Os seus pensamentos agitaram-se como ondas rebeldes, a sua emoção tornou-se um céu sem estrelas. Não havia flores nos solos da vida. Perdeu o encanto pela existência. Deixar de ouvir e compor música era tirar o chão a Beethoven. Considerou o suicídio.
Mas algo aconteceu. Quando todos pensavam que os seus sonhos tinham sido sepultados pelo inquietante silêncio da surdez, surgiram sorrateiramente os mais espectaculares sonhos no árido solo da sua emoção. Ante a sua condição miserável, ele decidiu separá-la.
Ou Beethoven se calaria face à surdez ou lutaria contra ela e faria o que ninguém fez: compor música apesar de não a ouvir. No entanto, apesar de surdo, ele aprendeu a ouvir o inaudível, aprendeu a ouvir com o coração. Não desistiu da vida; pelo contrário, exaltou-a. Os sonhos venceram. O mundo ganhou.
Com indescritível sensibilidade, Beethoven compôs belíssimas músicas após a surdez. Entre outras atitudes, ouvia as vibrações das notas no solo.
A teoria da inteligência multifocal revela que as vibrações do solo produziam ecos na sua memória, abriam inúmeras janelas onde se encontravam antigas composições, que, por sua vez, eram reorganizadas, libertando a sua criatividade e levando-o a compor novas e encantadoras músicas.
Quando no complexo teatro da mente humana há sonhos, os surdos podem ouvir melodias, os cegos podem ver cores, os desiludidos podem encontrar força para continuar. Os sonhos têm o poder de nos levar a patamares impensáveis. Quem dera que fôssemos todos sonhadores!

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M.L.K. era o “Beethoven” dos direitos humanos. Ouvia os sons pungentes das vítimas da rejeição. Ouvia a dor represada nos recônditos dos que eram considerados indignos de ser livres. Ouvia as mães a chorarem ao saberem que os seus filhos não teriam futuro. Ouvia os idosos a emitirem gemidos inconsoláveis pela humilhação pública. Ouvia os jovens barrados nas portas das escolas e perguntarem “Porquê?”.
Esses sons impeliam-no para o epicentro do terramoto social. Estimulavam a sua luta, mesmo quando estava na prisão. Lutava por aquilo que acreditava sem ferir os agressores. Lutava como um poeta da sensibilidade.
Nas empresas, nas escolas, instituições, igrejas, sinagogas, mesquitas, precisamos de homens e mulheres que vejam além da imagem e ouçam além dos limites do som.
Dinâmica da Reflexão:
Nesta reflexão pretende-se que cada clã discuta acerca das dificuldades que cada um tem em deixar a sua pegada e porque razão, muitas vezes pensamos em deixar uma pegada e acabamos por deixar uma grande patada.
Posto isto, será altura de convidar cada um dos elementos para realizar a construção da pegada do clã através da moldagem do barro