sábado, outubro 07, 2006

Reflexão 9 - Dúvidas

…porquê… eu?...
…diz-me: …porquê?
… não me amas?... … porque me pedes isto?...

…estou dividido… dividido entre o que “gosto” de fazer, …e o que “preciso” de fazer …os que “amo” e os que “precisam” de mim… não, não é a mesma coisa … quando não, não estaria a sentir… “ISTO”, não sei: estou cansado, “dividido”!...

É um medo… mas que ao mesmo tempo me empurra para a frente, dá-me GANAS de dizer “faça-se a sua vontade”, de acabar com tudo de uma vez… …e recomeçar VIDA NOVA…

…e eu recomeço!... Não sei porquê, não desisto, não quero: não faz parte de mim…

(…)

…Olha: serei capaz? Achas que sou capaz?!?
…parece-me tudo tão…gigante!...e eu sou só…eu!

Os milagres??!? Sim, quando quero faço milagres… eu sei!... porque acredito que posso fazer!!!...
Ah, quando quero, sai toda essa FORÇA de mim… viro mundo – eu sei! Dou Vida, sou MÁGICO: tudo na natureza corre ao meu encontro, ou Deus, SOU HOMEM!!!”
(…)

…é quando me sinto mais grato pelos Dons que são meus… que vieram de Ti…

…tão pequeno perante a imensidão do que posso fazer… do que me permites fazer!...
Tu…amas-me?
…sou tolo, bem sei, eu sei que sim, nem sei porq…

…deixa…

…Não! É importante! : eu NÃO QUERO sentir-me assim – SÓ! Eles estão ao pé de mim e eu S-I-N-T-O—M-E SÓ! , ? eles não VÊEM também o que EU preciso?!? Não vêem!!... um pouco de segurança, de calor …é só isso: calor, CALOR humano! Compreensão !! … sentir-me amado, acompanhado… …eles… ...eu queria sentir-me importante, sentir-me como… como UM… como me criaste… …não me disseste… que SOU ÚNICO?... …?...

…ÚNICO…

… não, sabes bem que não é apenas: ser “reconhecido”, é ser “amado”!... Sentirem-me pelo que eu sou, EU!...
Não faço isto só por mim!?!, não! Eu… eu AMO-OS, ouviste? Dói, porque os amo… não sei se sou capaz… mas não quero desistir… não posso!...
Não por mim: por eles…

…acho que por mim, também…

…bem me avisaste que as pessoas julgam que a felicidade é “viver no cimo da montanha” … e, a mim, disseste-me que a verdadeira felicidade está na forma de subir a escarpa”…
…á essa a minha MISSÃO? Subir escarpas?? Levar outros a subi-las?? MORRER A TENTAR, se for preciso???

…? Não podemos ficar aqui?, no plano, deixar as coisas correr, é tão bom também viver a vida assim, porque não sermos suaves para nós próprios, porque nos pedes tanto?? …porque não… “deixar correr”?...
Hãn?!? Sacrificamo-nos PELO QUÊ?? Chamas-me “FILHO” e pedes-me… ISTO?!? … vale assim tanto a pena??? Vale!!?...

…a minha missão…

…EU SOU AQUILO QUE ME DESTE, PARA EU “SER”…
…deixas-me construir-ME como se eu fosse feito de peças e às vezes…
…às vezes… não sei!...
Estarei a agir certo? É ISTO que SE espera de mim?
…É isto que TU esperas de mim??...

Preferia que não fosse!... estás a pedir DEMAIS, a rebentar-me por dentro!...
Eu… eu não sei se aguento…

Não me peças isto…se puderes, não MO peças, não a mim…
…tenho medo: de não ser capaz, de não correr bem, … de não ser isto que Tu esperas…
…porque…
…até sabes… não Te vou dizer que NÃO, …não sabes?...

…não apostaste em mim “em vão”… ESCOLHESTE_ME …e eu estou aqui!
É verdade: EU… e não OUTRO…

…queres MESMO precisar de mim, …não é?...

É estranha, esta Tua forma de Amar!
Não pedes “um pouco”: pedes A VIDA!...

…mais estranho ainda: …é eu não resistir a dizer… “SIM”!...

Sei o que me espera… Acho que é mesmo assim que as coisas têm de ser!...
É o MEU CAMINHO, não é?... pois então?!: tenho de ser eu a abri-lo!...

…estás a pensar também “em mim” quando me pedes tudo isto, não estás?...

…Eu sei!
EU também Te amo!...

Reflexão 8 - O Elefante acorrentado

- Não consigo – disse-lhe. – Não consigo!
- Tens a certeza? – perguntou-me ele.
- Tenho! O que eu mais gostava era de conseguir sentar-me à frente dela e dizer-lhe o que sinto... Mas sei que não sou capaz.
O gordo sentou-se de pernas cruzadas à Buda, naqueles horríveis cadeirões azuis do seu consultório. Sorriu, fitou-me olhos nos olhos e, baixando a voz como fazia sempre que queria que o escutassem com atenção, disse-me:
- Deixa-me que te conte...
E sem esperar pela minha aprovação, o Jorge começou a contar.

Quando eu era pequeno, adorava o circo e aquilo de que mais gostava era dos animais. Cativava-me especialmente o elefante que, como vim a saber mais tarde, era também o animal preferido dos outros miúdos. Durante o espectáculo, a enorme criatura dava mostras de ter peso, tamanho e força descomunais... Mas, depois da sua actuação e pouco depois de voltar para os bastidores, o elefante ficava sempre atado a uma pequena estaca cravado no solo, com uma enorme corrente a agrilhoar-lhe uma das patas.
No entanto, a estaca não passava de um minúsculo pedaço de madeira enterrado uns centímetros no solo. E, embora a corrente fosse grossa e pesada, parecia-me obvio que o animal capaz de arrancar uma árvore pela raiz, com toda a sua força, facilmente se conseguiria libertar da estaca e fugir.
O mistério continua a perecer-me evidente.
O que é que o prende, então?
Porque é que não foge?



Quando eu tinha cinco ou seis anos, ainda acreditava na sabedoria dos mais velhos. Um dia, decidi questionar um professor, um padre e um tio sobre o mistério do elefante. Um deles explicou-me que o elefante não fugia porque era amestrado.
Fiz, então, a pergunta óbvia:
- Se é amestrado, porque é que o acorrentaram?
Não me lembro de ter recebido uma resposta coerente. Com o passar do tempo, esqueci o mistério do elefante e da estaca e só o recordava quando me cruzava com outras pessoas que também já tinham feito essa pergunta.
Há uns anos, descobri que, felizmente para mim, alguém fora tão inteligente e sábio que encontrara a resposta:
O elefante do circo não foge porque esteve atado a uma estaca desde que era muito, muito pequeno.
Fechei os olhos e imaginei o indefeso elefante recém-nascido preso à estaca. Tenho a certeza de que naquela altura o elefantezinho puxou, esperneou e suou para se tentar libertar. E, apesar dos seus esforços, não conseguiu, porque aquela estaca era demasiado forte para ele.
Imaginei-o a adormecer, cansado, e a tentar novamente no dia seguinte, e no outro, e no outro... Até que, um dia, um dia terrível para a sua história, o animal aceitou a sua impotência e resignou-se com o seu destino.
Esse elefante enorme e poderoso, que vemos no circo, não foge porque, coitado, pensa que não é capaz de o fazer.
Tem gravada na memória a impotência que sentiu pouco depois de nascer.
E o pior é que nunca mais tornou a questionar seriamente essa recordação.
Jamais, jamais tentou pôr novamente à prova a sua força...

- E é assim a vida, Damião. Todos somos um pouco como o elefante do circo: seguimos pela vida fora atados a centenas de estacas que nos coarctam a liberdade.
Vivemos a pensar que «não somos capazes» de fazer montes de coisas, simplesmente porque uma vez, há muito tempo, quando éramos pequenos, tentámos e não conseguimos.
Fizemos, então, o mesmo que o elefante e gravámos na nossa memória esta mensagem: «Não consigo, não consigo e nunca hei-de conseguir.»
Crescemos com essa mensagem que impusemos a nós mesmos e, por isso, nunca mais tentámos libertar-nos da estaca.
Quando, por vezes, sentimos as grilhetas e as abanamos, olhamos de relance para a estaca e pensamos:
Não consigo e nunca hei-de conseguir.
O Jorge fez uma longa pausa. Depois, aproximou-se, sentou-se no chão à minha frente e prosseguiu:
- É isto que se passa contigo, Damião. Vives condicionado pela lembrança de um Damião que já não existe, que não foi capaz.
«A única maneira de saberes se és capaz é tentando novamente, de corpo e alma... e com toda a força do teu coração!»

Dinâmica:
Nesta altura o clã deverá ser atado por uma perna, numa fila, onde todos estarão unidos uns aos outros de modo a dificultar a mobilidade de todo o clã.
Deverá ser feito um pequeno percurso o mais sinuoso possível, a fim de deixar bastante vincada a dificuldade. O clã deverá movimentar-se por alta recriação sem a ajuda do chefe de clã. O chefe de clã deverá movimentar-se inserido também na fila.

Reflexão 7 - Aproxima-te de Mim

Aproxima-te de Mim. Aproxima-te de Mim! Faz o que sabes. Faz o que tens de fazer. Faz o que for preciso.
Reza um terço. Beija uma pedra. Curva-te para o Oriente. Entoa um cântico. Balança um pêndulo. Testa um músculo.
Ou escreve um livro.
Faz o que for preciso.
Cada um de vocês tem a sua própria interpretação. Cada um de vocês Me entendeu - Me criou - à sua própria maneira.
Para alguns sou um homem. Para alguns sou uma mulher. Para alguns sou ambos. Para alguns, não sou nem uma coisa nem outra.
Para alguns de vocês sou energia pura. Para alguns, o sentimento supremo, a que chamam amor. E alguns de vocês não fazem ideia do que Eu sou. Sabem simplesmente que EU SOU.
E assim é.
EU SOU.
Sou o vento que vos roça os cabelos. Sou o Sol que vos aquece o corpo. Sou a chuva que vos dança no rosto. Sou o aroma das flores no ar e sou as flores que exalam a sua fragrância. Sou o ar que transporta essa fragrância.
Sou o princípio do vosso primeiro pensamento. Sou o fim do último. Sou a ideia que iluminou o vosso momento mais brilhante. Sou a glória da sua realização. Sou o sentimento que alimentou a coisa mais amorosa que jamais fizeram. Sou a parte de vós que anseia por esse sentimento repetidamente. O que quer que para vocês resulte, o que quer que o faça acontecer - qualquer que seja o ritual, cerimónia, demonstração, meditação, pensamento, canção, palavra ou acção necessária para que vocês se “re-unam” - façam-no.

Reflexão 6 - O rei ciclotímico

Era uma vez um rei muito poderoso que reinava num país longínquo. Era um bom rei, mas tinha um problema: era um rei com dupla personalidade.
Havia dias em que se levantava exultante, eufórico, feliz.
Desde o instante que se levantava, esses dias pareciam-lhe maravilhosos. Os jardins do seu palácio afiguravam-se-lhe mais belos. Os seus criados, por um qualquer estranho fenómeno, tornavam-se amáveis e eficientes.
Durante o pequeno-almoço, confirmava que no seu reino se fabricavam as melhores farinhas e se colhiam os melhores frutos.
Nesses dias, o rei baixava os impostos, distribuía riquezas, concedia favores e legislava pela paz e pelo bem-estar dos anciãos. Nessas alturas, o rei acedia a todas as petições dos seus súbditos e amigos.
Existiam, porém, outros dias.
Eram dias negros. Desde o instante em que se levantava, dava-se conta que teria preferido dormir um pouco mais. Mas quando dava por si era demasiado tarde e o sono abandonara-o.
Por muito que tentasse, não conseguia compreender porque é que os seus criados estavam de péssimo humor e nem sequer o serviam com bons modos. O sol incomodava-o ainda mais do que a chuva. A comida estava morna e o café demasiado frio. A ideia de receber visitas no seu gabinete aumentava-lhe a dor de cabeça.
Durante esses dias, o rei pensava nos compromissos assumidos noutros momentos e assustava-se ao pensar como os conseguiria cumpri-los. Era nesses dias que o rei aumentava os impostos, se apossava de terras e mandava prender os seus opositores...
Temeroso do presente e do futuro, perseguido pelos erros do passado, nessas alturas legislava contra o seu povo e a palavra que mais utilizava era «não».
Ciente dos problemas que estas alterações de humor lhe traziam, o rei convocou todos os sábios, magos e conselheiros do seu reino para uma reunião.
- Meus senhores – disse. – Todos vocês conhecem as minhas mudanças de humor. Todos beneficiaram da minha euforia e sofreram com a minha irritação. Mas quem mais sofre sou eu próprio, porque todos os dias tenho de desfazer o que fiz nas ocasiões em que via as coisas de maneira diferente.
Preciso meus senhores, que trabalhem juntos para conseguir arranjar uma solução, seja beberagem ou conjuro, que me impeça de ser tão absurdamente optimista, a ponto de ser inconsciente dos riscos, e tão ridiculamente pessimista, a ponto de oprimir e prejudicar quem amo.
Os sábios aceitaram o repto e, durante várias semanas, dedicaram-se à resolução do problema do rei. No entanto, nenhuma alquimia, nenhum feitiço nenhuma poção forma capazes de resolver a questão.
Foi então que os conselheiros se apresentaram diante do ri e admitiram o seu fracasso.
Nessa noite, o rei chorou.
Na manhã seguinte, um estranho visitante pediu audiência ao rei. Era um misterioso homem de tez escura, vestido com uma túnica puída que, outrora, fora branca.
- Majestade – disse o homem, fazendo uma reverência. – Na terra de onde venho, fala-se dos seus males e da sua dor. Vim trazer-lhe um remédio.
E, baixando a cabeça, aproximou do rei uma caixinha de couro.
O rei, meio surpreendido, meio esperançado, abriu-a e remexeu dentro dela. Lá dentro, havia apenas um anel de prata.
- Obrigado – disse o rei, entusiasmado. – É um anel mágico?
- Claro que é – respondeu o viajante - , mas a sua magia não actua simplesmente por o enfiar no dedo... Todas as manhãs, assim que se levantar, deverá ler a inscrição que se encontra no anel e recordar essas palavras sempre que veja o anel no dedo.
O rei pegou no anel e leu em voz alta:
“Não te esqueças que também isto passará.”

Dinâmica da Reflexão
Neste ponto, cada elemento deverá, nas pequenas pedras anteriormente arranjadas, e escrever, numa delas a sua maior pegada e na outra a sua maior patada. Depois de discutirem um ponto acerca do texto e das semelhanças que tem com a vida de cada um, seguirão caminho e levarão as pedras consigo para serem utilizadas posteriormente.

Reflexão 5 - A Ilusão da Necessidade

Tudo o que experienciam na vida, tudo o que sentem a cada momento, está enraizado nesta ideia e nas vossas reflexões sobre ela.
A necessidade não existe no Universo. Só se necessita de algo se se exigir um determinado resultado. O Universo não exige um determinado resultado. O Universo é o resultado.
A necessidade também não existe na mente de Deus. Deus só necessitaria de algo se Deus exigisse um determinado resultado. Deus é o que cria todos os resultados.
Se Deus necessitasse de algo para criar um resultado, onde o obteria? Nada existe para além de Deus. Deus é Tudo O Que É, Tudo O Que Foi e Tudo O Que Será. Não há nada que não seja Deus.
Poderão apreender melhor esta ideia se utilizarem a palavra “Vida” em vez da palavra “Deus”. As duas palavras são intermutáveis, portanto não alterarão o sentido; melhorarão apenas a vossa compreensão.
Nada do que é, não é Vida. Se a Vida necessitasse de algo para produzir um resultado, onde o obteria? Nada existe para além da Vida. A Vida É Tudo O Que É, Tudo O Que Foi e Tudo O Que Será.
Deus não necessita que aconteça nada excepto o que está a acontecer.
A Vida não necessita que aconteça nada excepto o que está a acontecer.
É esta a natureza das coisas. É assim que ela é, não como vocês a imaginaram.
Criaram na vossa imaginação a ideia de Necessidade pela vossa experiência de necessitarem de coisas para sobreviverem. Mas suponham que não se importavam de viver ou morrer. Então de que necessitariam?

Dinâmica da Reflexão:
Nesta reflexão pretende-se que cada elemento do clã reflicta acerca do conformismo e da inactividade por parte de todas as pessoas de, na maior parte das vezes, nada fazerem para deixar pegadas na sua passagem pelo mundo.
Após essa reflexão pretende-se que todos os elementos do clã participem na plantação de uma árvore com o intuito de deixarem uma pegada na serra.

Reflexão 4 - “Lava Pés”

Antes da festa da Páscoa, sabendo Jesus que chegara a Sua hora de passar deste mundo para o Pai, Ele amara os Seus que estavam no mundo, levou até ao extremo o Seu amor por eles. No decorrer da ceia, tendo já o Diabo metido na cabeça a Judas Iscariotes, filho de Simão, que O entregasse, sabendo Jesus que o Pai depositara nas Suas mão todas as coisas e que havia saldo de Deus e ia para Deus, levantou-se da mesa, tirou as vestes e, tomando uma toalha, colocou-a à cinta. Depois deitou água numa bacia e começou a lavar os pés aos discípulos e a enxugá-los com a toalha que pusera à cinta. Ao chegar a Simão Pedro, este disse-Lhe: “ Tu vais lavar-me os pés?” Jesus respondeu-lhe: “ O que faço, tu não podes entendê-lo agora, mas hás-de sabê-lo depois”. Pedro insistiu: “ Nunca me lavarás os pés”. Jesus respondeu-lhe: “Se Eu não te lavar, não terás parte comigo”. “Senhor – disse-lhe Simão Pedro – não só os pés, mas também as mãos e a cabeça!” Jesus respondeu-lhe: “Aquele que está lavado não necessita de lavar senão os pés, pois está limpo. Também vós estais limpos, mas não todos”. Ele bem sabia quem O ia entregar; por isso, disse:”Nem todos estais limpos”.
Depois de lhes lavar os pés, de retomar as Suas vestes e de Se pôr de novo à mesa, disse-lhes:”Compreendeis o que vos fiz? VÓS chamais-Me Mestre e Senhor, e dizeis bem, visto que o Sou. Ora, se Eu vos lavei os pés, sendo Senhor e Mestre, também vós deveis lavar os pés uns aos outros. Dei-vos o exemplo, para que, como Eu vos fiz, façais vós também. Em verdade, em verdade vos digo: Não é o servo maior que o senhor, nem o enviado maior do que aquele que o enviou. Uma vez que sabeis estas coisas, felizes sereis se as puserdes em prática. Não falo de todos vós; conheço os que escolhi, mas é para se cumprir a escritura: “o que come o pão Comigo levantou contra Mim o seu calcanhar”. Desde já vo-lo digo antes que aconteça, para que, quando acontecer, acrediteis Quem Eu Sou. Em verdade, em verdade vos digo: Quem recebe aquele que Eu enviar, é a Mim que recebe; e quem Me recebe a Mim, recebe Aquele que Me enviou”.

Reflexão 3 - A surdez de Beethoven e os seus sonhos

Nada é mais grave para um músico do que perder a audição. Beethoven, um dos génios da música, perdeu-a depois de ter criado belas composições.
A ineficácia dos recursos médicos conduziu-o a uma profunda crise psíquica. Os seus pensamentos agitaram-se como ondas rebeldes, a sua emoção tornou-se um céu sem estrelas. Não havia flores nos solos da vida. Perdeu o encanto pela existência. Deixar de ouvir e compor música era tirar o chão a Beethoven. Considerou o suicídio.
Mas algo aconteceu. Quando todos pensavam que os seus sonhos tinham sido sepultados pelo inquietante silêncio da surdez, surgiram sorrateiramente os mais espectaculares sonhos no árido solo da sua emoção. Ante a sua condição miserável, ele decidiu separá-la.
Ou Beethoven se calaria face à surdez ou lutaria contra ela e faria o que ninguém fez: compor música apesar de não a ouvir. No entanto, apesar de surdo, ele aprendeu a ouvir o inaudível, aprendeu a ouvir com o coração. Não desistiu da vida; pelo contrário, exaltou-a. Os sonhos venceram. O mundo ganhou.
Com indescritível sensibilidade, Beethoven compôs belíssimas músicas após a surdez. Entre outras atitudes, ouvia as vibrações das notas no solo.
A teoria da inteligência multifocal revela que as vibrações do solo produziam ecos na sua memória, abriam inúmeras janelas onde se encontravam antigas composições, que, por sua vez, eram reorganizadas, libertando a sua criatividade e levando-o a compor novas e encantadoras músicas.
Quando no complexo teatro da mente humana há sonhos, os surdos podem ouvir melodias, os cegos podem ver cores, os desiludidos podem encontrar força para continuar. Os sonhos têm o poder de nos levar a patamares impensáveis. Quem dera que fôssemos todos sonhadores!

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M.L.K. era o “Beethoven” dos direitos humanos. Ouvia os sons pungentes das vítimas da rejeição. Ouvia a dor represada nos recônditos dos que eram considerados indignos de ser livres. Ouvia as mães a chorarem ao saberem que os seus filhos não teriam futuro. Ouvia os idosos a emitirem gemidos inconsoláveis pela humilhação pública. Ouvia os jovens barrados nas portas das escolas e perguntarem “Porquê?”.
Esses sons impeliam-no para o epicentro do terramoto social. Estimulavam a sua luta, mesmo quando estava na prisão. Lutava por aquilo que acreditava sem ferir os agressores. Lutava como um poeta da sensibilidade.
Nas empresas, nas escolas, instituições, igrejas, sinagogas, mesquitas, precisamos de homens e mulheres que vejam além da imagem e ouçam além dos limites do som.
Dinâmica da Reflexão:
Nesta reflexão pretende-se que cada clã discuta acerca das dificuldades que cada um tem em deixar a sua pegada e porque razão, muitas vezes pensamos em deixar uma pegada e acabamos por deixar uma grande patada.
Posto isto, será altura de convidar cada um dos elementos para realizar a construção da pegada do clã através da moldagem do barro

Reflexão 2 - Pequenos momentos que mudam a história

Pequenos pormenores mudam uma vida. Um marido deu um beijo à mulher e disse-lhe que ela estava linda. Há muito tempo que não o fazia. Ele tinha-a ferido sem se aperceber. O seu pequeno gesto reeditou uma janela da memória da mulher onde havia uma mágoa oculta. A alegria voltou. Durante toda a vida, precisamos de graça e gentileza (Platão, 1985).
Um pai elogiou um filho. O elogio partiu do coração do pai e penetrou nos becos da emoção do filho, oxigenando a relação que há muito tempo estava desgastada. Um beijo, um elogio, um abraço desferido no golpe de um segundo são capazes de superar uma dor alojada à semanas, meses ou anos.Os que desprezam os pequenos acontecimentos nunca farão grandes descobrimentos. Os pequenos momentos mudam grandes rotas. Foi isso que aconteceu há muitos séculos na vida de alguns jovens que moravam à beira da praia de um país explorado e castigado pela fome. Pequenos momentos mudaram a maneira de pensar a existência. O mundo nunca mais foi o mesmo.
Dinâmica da Reflexão:

Neste pequeno local deverá ser realizada uma pequena discussão acerca das pegadas e patadas que cada uma das pessoas deixa. Para tal, aquando dessa partilha de cada uma das pessoas, deverão arranjar duas pedras que deverão carregar com eles, a fim de se recordarem das pegadas e patadas que deixaram ao longo da sua vida

Reflexão 1 - Vender sonhos até à última gota de sangue

Ninguém espera uma reacção inteligente de uma pessoa torturada, ainda mais pregada numa cruz. A memória é bloqueada, o raciocínio abortado, o instinto controlado, o medo e a raiva dominam. Jesus foi surpreendente quando estava livre, mas foi incomparavelmente mais surpreendente quando foi crucificado.
Na primeira hora da crucificação, ele abriu as janelas da inteligência e bradou: “Pai, perdoa-os, pois eles não sabem o que fazem”. Perdoou homens indesculpáveis. Compreendeu atitudes incompreensíveis. Integrou pessoas dignas de completa rejeição.
Um dos ladrões ao seu lado ouviu essa frase e ficou assombrado. A dor cortara-lhe o raciocínio, os seus olhos estavam turvos, os seus pulmões ofegantes. Mas, ao ouvir o brado de Jesus, teve um relance de lucidez.
Os seus olhos abriram-se. Virou o rosto e viu por trás do corpo magro e mutilado de Jesus uma pessoa encantadora. Pouco tempo depois, ainda sem forças, o criminoso pediu-lhe: “Quando estiveres no teu reino, lembra-te de mim”.
Os gestos de Jesus fizeram-no sonhar com um reino acima dos limites do tempo, um reino complacente e que transcendia a morte. Que homem é esse que mesmo dilacerado era capaz de inspirar um miserável a sonhar?
Os que estavam ao pé da cruz ficaram fascinados. Reacções fascinantes como essas ocorreram durante as seis longas horas da crucificação. Foi a primeira vez na história que alguém a sangrar, esmagado pela dor física e emocional, surpreendeu os que estavam livres.
Quando Jesus deu o ultimo suspiro, o chefe da guarda romana, encarregado de cumprir a sentença condenatória de Pilatos, disse: “Verdadeiramente, este era filho de Deus.”. Viu além dos parênteses do tempo. Viu a sabedoria ser transmitida por um mutilado na cruz.
Muitos políticos e intelectuais não conseguem influenciar as pessoas com as suas ideias, ainda que estejam livres para debater o que pensam. Mas o Mestre dos Mestres abalou os alicerces da ciência ao levar as pessoas a velejarem pelo mundo dos sonhos, enquanto todas as suas células morriam.
Agostinho, Francisco de Assis, Tomás de Aquilo, Espinosa Hegel, Abraham Lincon, Martin Luther King e milhares de pessoas de diferentes religiões, inclusive não cristãs, foram influenciadas por ele. Ouviram a voz inaudível dos seus sonhos.
Se Freud, Karl Marx e Jean-Paul Sartre tivessem a oportunidade de analisar profundamente a personalidade de Jesus como eu o fiz, provavelmente não estariam entre os maiores ateus que pisaram a Terra, mas entre os que mais se deixariam cativar pelos seus magníficos sonhos.
Maomé chamou Sua Dignidade a Jesus no Alcorão, exaltando-o mais do que a si mesmo. O budismo, embora seja anterior a Cristo, incorporou os seus principais ensinamentos. Sri Ramakrishna, um dos maiores líderes espirituais da Índia, confessou que a partir de 1874 foi profundamente influenciado pelos ensinamentos de Jesus Cristo. O território consciente e inconsciente de Ghandi também foi trabalhado pelos seus pensamentos.
O Mestre dos Mestres nunca pressionou ninguém para o seguir, apenas convidava. Não se afastou mais de trezentos quilómetros do lugar em que nascera. Não tinha uma escolta, não possuía uma equipa de marketing, nunca derramou uma gota de sangue. A sua pequena comitiva era constituída por um grupo de apenas doze jovens de personalidade difícil. Mas hoje, para nossa surpresa, milhões de pessoas de todas as religiões, de todas as culturas, de todos os níveis intelectuais o seguem.Seguem alguém que não conheceram. Seguem alguém que nunca viram. Seguem alguém que lhes inspirou emoção e encheu as suas vidas de sonhos.
Dinâmica da Reflexão
Discutir acerca de pegadas e patadas deixadas por pessoas importantes. Importantes para o mundo e não esquecer de referenciar as pessoas que nos são mais próximas. Pessoas essas que, não mudando o mundo inteiro, mudam também o mundo de quem os rodeia.

Clã Mão


A mão exprime as ideias de actividade, ao mesmo tempo que de poder e domínio.
A mão é um emblema real, instrumento da mestria e sinal de dominação.
Na tradição bíblica e cristã, a mão é um símbolo do poder e da supremacia.
Ser agarrado pela mão de Deus é receber a manifestação do seu espírito. Quando a mão de Deus toca no homem, este recebe em si a força divina; assim, a mão de Javé tocou na boca de Jeremias antes de o enviar a pregar.
A mão é por vezes comparada ao olho: ela vê. Considerando que a mão que aparece nos sonhos é equivalente ao olho, daí a expressão: O cego com dedos de luz.
Colocar as mãos nas de outrem é entregar a própria liberdade, ou melhor, desistir dela confiando-a ele, é entregar a sua força.

Clã Raio


Os raios simbolizam uma emanação luminosa que parte de um centro, sol, santo, herói, génio, para outros seres. Exprimem uma influência fecundante, de ordem material ou espiritual. Um ser radiante é de natureza ígnea, aparentado com o sol. Poderá aquecer, estimular e fecundar, ou, pelo contrário, queimar, secar, esterilizar, segundo as disposições do sujeito que receber os seus raios.

Clã Montanha


O simbolismo da montanha é múltiplo; está ligado ao da altura e do centro. Na medida em que ela é alta, vertical, elevada, próxima do céu, participa do simbolismo da transcendência; na medida em que é o centro de hierofanias atmosféricas e de numerosas teofanias, participa do simbolismo da manifestação. Ela é, assim, o encontro do céu e da terra, morada dos deuses e termo da ascensão humana. Vista do alto, aparece como a ponta duma vertical, o eixo do mundo, mas também a escada, a inclinação a escalar.
Todos os países, os povos, a maioria das cidades têm a sua montanha sagrada.

Clã Estrela


Da estrela retém-se sobretudo a sua qualidade de luminária, de fonte de luz. As estrelas representadas na abóbada de um templo ou de uma igreja especificam o seu significado celeste. O seu carácter celeste faz delas também símbolos do espírito e, em particular, do conflito entre as forças espirituais, ou de luz, e as forças materiais, ou das trevas. Atravessam a escuridão e são também como faróis projectados na noite inconsciente.

Clã Olho


Órgão da percepção visual, é naturalmente, e quase universalmente, o símbolo da percepção intelectual. É preciso considerar sucessivamente, o olho físico na sua função de recepção da luz.
A alma tem dois olhos, um olha para o tempo, o outro está virado para a eternidade, um deles é o amor, o outro é a função intelectiva.
Por outro lado, o olho único, sem pálpebra é, por outro lado, o símbolo da Essência e do Conhecimento divino.

Clã Espiral


A espiral manifesta o aparecimento do movimento circular saindo do ponto original; mantém e prolonga este movimento até ao infinito: é o tipo de linhas se fim que ligam incessantemente as duas extremidades do futuro… emanação, extensão, desenvolvimento, continuidade cíclica, mas em progresso, rotação criacional.
É um motivo aberto, e optimista: nada é mais fácil, partindo de uma extremidade da espiral, que atingir a outra extremidade.A espiral simboliza também a viagem da alma, depois da morte, ao longo dos caminhos desconhecidos, mas que a conduzem, através dos seus desvios ordenados, à morada central do ser eterno.

Clã Pé


Não se trata, ao imprimir a marca dos pés, de dizer eu cheguei, mas sim de afirmar: eu estou aqui, eu fico aqui, formulando o desejo de permanecer na presença da divindade

Clã Tridente

Símbolo das divindades do mar, cujo palácio fica no fundo dos abismos aquáticos.
Segundo uma tradição cristã, o tridente é, na mão de Satanás… o instrumento do castigo: serve para entregar os culpados à tortura do fogo, símbolo do tormento. O tridente é também o símbolo da culpa.
O tridente é um emblema solar (os seus dentes são raios) e um símbolo do raio (os seus dentes são relâmpagos).
Representa também o perigo da perversão, a fraqueza essencial, que abandona o homem à mercê do sedutor punidor.